sábado, 15 de dezembro de 2012

Certo Sentido

Me entorpece o sentimento
fazendo crer naquilo que
sei lá, a mente rejeita
na racionalidade burra
cega de beleza

Bêbado e verdadeiro
Chapado de emoção
Ou de álcool mesmo
Mas certo
Que o lindo é real

idade não tenho mais
de ter tanta certeza
pois todo argumento valido
é se, e somente se
tiver sentido

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

De pai para filho

A quase dois meses faleceu o homem que dá nome a esse blog. Apesar de não admitir ainda tava muito difícil de escrever alguma coisa sobre isso. Não por ele ter falecido. Isso foi quase um alivio, ele estava sofrendo e eu particularmente não conseguia aguentar bem isso. Mas pela saudade! Pela falta que me faz a sua voz cantando suas histórias ou simplesmente o serra-serra-martin-cansela-sou-eu-com-a-gaita-você-com-a-sela-ganhamos-dinheiro-nessa-serra XÁ XÁ XÁ XÁ. (É, não tentem entender!)
Pois é, essa semana fui assistir o filme Gonzaga- de pai para filho. E, não podia ser diferente, lembrei de meu avô a cada musica cantada. A história conturbada de Gonzaga e Gonzaguinha em nada se parece com a história da nossa família. Mas a trilha sonora dessas histórias tem uma semelhança que é inegável. 

Outra coisa da história, e foi o que me fez chorar, foi a hereditariedade do talento. As notas de Gonzaga, pouco se parecem com as de Gonzaguinha, mas o talento se equipara sem perder a individualidade. A poesia não passa no sangue, mas a convivência com poetas produz poetas, mesmo que não saibam escrever um verso, a poesia passa a correr nas veias, e a transparecer no sorriso, ou nas lagrimas. Foi a capacidade de se emocionar que meu avô ensinou para meu pai, que me ensinou e  ... (essa história ainda deve demorar um pouco pra continuar). E esse ensinamento foi passado sem uma palavra ser dita sobre isso. 

Um dos últimos contatos que tive com meu avô foi uma oportunidade de tocar para ele algumas músicas de Luiz Gonzaga e ver ele chorar ao som de Luar do Sertão foi uma das grandes emoções da minha vida. Poder dar essa emoção para ele foi um das maiores emoções que já senti! E eu nem chorei! Foi uma emoção lucida e tranquila, triste, é verdade, mas muito bonita!

Para encerrar esse post não poderia deixar de fazer do jeito que fiz na despedida do seu corpo. Vou rimar!

Meu avô me ensinou
A saber me emocionar
E mesmo sem nada dizer
Muito pôde me falar
Foi com sorriso no rosto
Ou com lágrima a derramar

Ele ensinou a meu pai
Que por sua vez me ensinou
Que o que é bom a gente guarda
Só até ter pra quem passar
E quanto mais a gente passar
Mas vai se multiplicar

Eu já disse pra que lá tava
E vou novamente dizer
Que Assum Preto voltou a ver
E Asa Branca voltou a voar
Para seu Miguel buscar
Para o céu lhe levar

E foi de pai pra filho 
Que a poesia cresceu
Ganhou toda buniteza
Que o filho aprendeu
E ensinou para esse neto
Que agora fala pra vocês! 



terça-feira, 27 de novembro de 2012

Infinitos (Novos Baianos)


RETRATO PENSADO


Todas as músicas e poemas foram em vão
Porque não viste o meu coração em tuas mãos
O tempo nos mostra os laços de amizade resistindo aos momentos
Por tê-lo tecido de sentimentos
O tempo é a fonte do amor
Infinito registro bem maior que o finito intermédio ao alcance nosso
Na tua ausência faltou-me arte para retratar-te
Falta-me o traço de um Da Vinci, de um Picasso
Fechei os olhos e o teu olhar e o teu sorriso
Do azul do azul foram achados
E o teu rosto veio na tela
Dos meus olhos fechados

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ansioso

Que dois dias antes fosse
Pra dizer que nem vi passar
Esse tempo que tão pouco
Que parece ser primeiro
Que parece antes não há

Que o tempo fosse antes
Pra poder me confessar
O que todos já de mim sabem
Quase não dá pra esperar
Dois dias queria adiantar

Como dois dias antes não é
Quero então comemorar
O ontem, o hoje e o amanhã
Para nunca a data errar
Quero comemorar todo dia
Por com você estar

domingo, 14 de outubro de 2012

Caminho

Meu violão quebrou a corda
fiquei sem a Ré

agora só ando pra frente

domingo, 23 de setembro de 2012

Beleza




Faltou-me palavra para o poema
Fechei os olhos para procurar a poesia

Lembrei da lua no mar
Do quase por do sol
E da musica tocando

Lembrei da ave voando baixo
Das mascaras da arca
E do teu sorriso (de “moça linda”)

E assim
tornei as palavras desnecessárias 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

De direito


(Para Anna Luisa Prieto)

Ao abrir os olhos
Quase pra reclamar
Vi que não podia dizer nenhumA
Não tinha palavra pra dizer
NenhumA pra descrever

A fazer, só uma declaração
Uma escritura
E uma procuração

Declaro teu meu sono
A escritura do meu dia
Passo para teu nome

E te procuro
Prometendo te achar
Para que exerça todos os seus
direitos de mim!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Poesia Branca

Tenho um medo
de que amanhã
seja igual a hoje

Porquê a beleza
se bestializa na repetição

Céu , mel, véu
é tudo palavra bonita
mas não fez sentido assim

Rima é bom
Mas se pobre enfeia o poema

Poesia branca as vezes é bom
Mostra que amanhã
Pode se encaixar com hoje
Mas não precisa rimar no fim


sábado, 2 de junho de 2012

Conversa com Manoel

- Manoel, me ensina a fazer palavra
- Palavra não se ensina menino.
  Palavra se aparece quando querer!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sem mais (...) ou IMPAlavrável

É que com você me sinto meio (...)
Com seu beijo que é tão bom quanto (...)
E seu cheiro que me deixa (...)
E seu carinho que é mais que (...)

O sentimento é como um (...)
Que me leva para (...)
E me deixa muito assim (ponto final)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O livro que leio

(Para Daniel Farias)

Eu gosto de ler um livro
Que coloca cor no cheiro do toque do dia

Que apresenta poetas
Mas apresenta mais poesia(S)

Que se abre na página errada

domingo, 27 de maio de 2012

Cantiga de brincar

(Para Lucas do Pandeiro)


Hoje eu fui brincar (SEREIA!)
Com um monte de criança (SEREIA!)
Umas tinham mais idade (SEREIA!)
Mas não perderam a esperança

Ô SEREIA!!!


Dizem que brinca é coisa (SEREIA!)
De quem ainda não cresceu (SEREIA!)
Mas se isso for verdade (SEREIA!)
Quem não quer crescer sou eu!

Ô SEREIA!!!


Brincar é coisa de gente (SEREIA!)
É coisa de gente grande (SEREIA!)
Se a criança não morre (SEREIA!)
O adulto é brincante

Ô SEREIA!!!


terça-feira, 15 de maio de 2012

Meus parabéns

Parabéns pra você
Mas só nessa data querida
Muitas felicidade
Mas sem entrar em minha vida

Tudo de bom
Muitas felicidade
E que Deus te abençoe!

-Para pô!
Só me abraça!
Mas só se for de verdade.

domingo, 13 de maio de 2012

Venda cult

Eu conhecia tanto
Sabia de mais
As teorias
As explicações
E os conceitos

Era tão conhecedor
Que não conseguia mais
Conhecer a novidade
Ver o novo no velho

E a beleza de tudo

domingo, 6 de maio de 2012

Juntos

Viver exige dois corações
pra baterem juntos
Fortes, acelerados

Juntos
Fortes, acelerados

Juntos
Fortes, acelerados, descompassados

Juntos
Forte, lentos

Juntos
Tranquilos, lentos

Juntos

E pra se um parar
O outro parar junto

terça-feira, 24 de abril de 2012

Desfibrilado

A flor que pensei
ser só um botão
num sorriso se abriu
numa linda rosa branca.

Foi como um desfibrilador
para meu coração quase parado.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Platônico

Andando na rua te vi
Seu rebolado
Seu cabelo longo agitado
Me convidando a chegar ai

Apertei o passo então
Quase corri pra te alcançar
Pensando em algo pra te falar
Pra o esforço não ser vão

te alcancei
te olhei de lado
ultrapassei
e segui.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Tesouro astral

Pobre novamente estou
E nenhum ouro mais reluz
Nenhum brilho seduz
Nem sei pra onde vou

Sem caminho nem destino
Procuro lâmpadas pro caminho
Iluminar a estrada
que parece levar a nada

Procuro, cavo e pergunto
Onde está a luz?
Preciso iluminar meu dia
Que ontem escureceu

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Infinitos (4) Clarice Lispector


SAUDADE
(Clarice Lispector)

Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida.

ps> Texto de Clarice Lispector adaptado em versos por Antônio Damásio.

sábado, 31 de março de 2012

10 da manhã

No dia em que acordei
minha mãe me disse:
-Para de chorar meu filhinho.
O tapa na bunda dói,
mas logo vem o leitinho

sábado, 24 de março de 2012

Compondo uma vida

Faria um rock com pandeiro
tocaria um batidão
um sambinha bem maneiro
pra tocar o coração

Com a leveza de um bolero
E a elegância de uma valsa
teria firmeza do tango
Tocaria ao som da arpa

Teria que ser heavy metal
Um pesado rock in roll
E não podia deixar
De falar de dor e amor

Teria um verso gospel
Para de Deus lembrar
E duas notas de bossa
para o corpo relaxar

De reggae teria também
Umas batidas na guitarra
Para mexer o esqueleto
uma pegada pagodão

Algo bem nordestino
Um xaxado ou baião
Para simplificar
a essência desse som

No finalzinho sem querer
seria obrigado a botar
um acorde melancólico
para a morte indicar


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Infinitos - Fernando Pessoa


ABDICAÇÃO


Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.

Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços

Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.

Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Reticencia

Eu queria pensar em algo.
Pra dizer o que é,
ou será,
que foi um dia?

Algo pra falar de mim,
ou do mundo.
Talvez só,
de você.

Queria algo menos
confuso de mais
pra descrever
o que disse.

Infinitos - Ruy Espinheira Filho

SONETO DA JUSTIFICAÇÃO
(Ruy Espinheira Filho)

a Mário Vieira

Esta noite (ele pensa) justifica
— com seu luar abençoando os ramos
do pé de carambola — os estertores
de que surgiu o Universo. Fica

tudo, tudo (ele pensa) redimido.
Deuses. Deus. O Acaso. Não importa.
Valeu (eis o milagre em sua porta!)
a pena que custou a gestação

deste momento. O qual lhe justifica
(ele suspira), enfim, a paciência
de — até chegar a este luar nos ramos —

ter (calcula) esperado cinco décadas,
sessenta dias e, fechando as contas,
alguns punhados de bilhões de anos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Infinitos - ?

"Infinitos" são vocês
Que sabem transformar
Palavra em beleza
Discurso em riqueza
Tudo em vida

"Infinitos" são os poetas consagrados dos quais vou postar semanalmente alguma inspiração!


Infinitos - Adelia Prado




Explicação de Poesia Sem Ninguém Pedir

Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Crescença

E eu que queria
Ser adulto
pra ser livre

Hoje quero voltar
Ser criança
Pra ser l i v r e

E GRANDE!