segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sobre verdades

O padre, o cientista e o poeta

O conhecimento é a maior das riquezas e a criação o maior mistério. A busca por verdades tem varias faces e cada um tenta impor as suas.

Se Deus criou a vida, ou se as moléculas se juntaram aleatoriamente formando o DNA era o assunto em pauta na discussão do padre que era responsável por uma importante paróquia e do professor que liderava um grupo de pesquisa sobre evolução.

O padre citava o Gêneses e falava dos sete dias que Deus usou para criar o mundo, como Adão ficou responsável por nomear tudo que o Senhor tinha criado. Falava da solidão que o primeiro homem sentiu e como, da costela dele, Deus criou a mulher.

O cientista tinha a “Origem das Espécies” como sua Bíblia. Os dados que Darwin coletou em sua viagem eram para ele incontestáveis. Como a evolução aconteceu, como a seleção natural se encarregou de dar as formas que temos.

Um eliminava o outro. “Homem de pouca fé”, pensava o padre. “Alienado”, o cientista falava pra si mesmo como que em resposta ao pensamento do padre. Um falava, o outro respondia, os argumentos em momento nenhum se cruzavam, eles nem se quer se tocavam. Não era um dialogo verdadeiramente. Parecia mais, dois monólogos acontecendo ao mesmo tempo.

Essa “conversa” seria interminável se um poeta, que por estar sentado ali perto, só para contemplar os pombos da praça, não tivesse ouvido e meio incomodado por incomodar pedido uma parte. Não que estivesse xeretando, mas ele estava perto e os ânimos esquentados dos dois parecia fazê-los falar mais alto que o necessário.

O problema é que verdade é um atributo exclusivo de expressões. Nada pode ser verdadeiro se não uma frase. O poeta sabia disso. Mas essa verdade ele guardou pra si. Só era importante para que ele pudesse ter ouvido a conversa de maneira complementar. O poeta concordaria comigo, os argumentos não se tocavam. Mas ele pôde ver o que eu não podia por não ser poeta. Ele viu que os argumentos eram paralelos, não se tocavam mais em momento nenhum se excluíam.

O poeta pôde ver que a ciência e a religião pareciam com a poesia. Elas não inventavam nada. Só podiam transmitir a existência da melhor maneira que conseguiam. Então lançou o argumento que me fez contar pra vocês essa cena que nem me lembro quando foi mesmo que vi.

“Vocês dois estão certos! Deus criou o mundo sim! A evolução foi a maneira que ele usou pra fazê-lo. Deus na faz mágica. Ele faz milagres. A ciência não anula Deus. Ela descreve como Ele fez a criação.”

Nem o padre nem o cientista concordaram, mas resolveram mudar de assunto. O poeta não insistiu, se despediu e foi escrever alguma coisa sobre os pombos que observava.

2 comentários:

  1. Pois é. Assim, acredito, a verdade é para ser avaliada do ponto de vista de cada um, sem no entanto, desprezarmos a "verdade" do outo.

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  2. adoreeeeeei! realmente nenhum se anula,eles se completam

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